Na desigualdade de gênero estrutural, a mulher ganha menos que o homem, disputa as vagas menos qualificadas no mercado e quando há crise, elas são as primeiras a perder o emprego. O PNAD Contínua de 2020 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) revela que se escancarou essa desvantagem das mulheres, em especial as pretas, na situação atípica de pandemia.
As mulheres pretas com filhos sentem os impactos desta realidade que a Pandemia trouxe, de forma mais estrondosa. Em um país historicamente marcado pelo machismo e racismo que estão enraizados em sua estrutura, uma nação que ergue barreiras de impedimentos de igualdade em todos os sentidos, o isolamento revelou, cruamente, a assimetria existente no âmbito da sociedade que acentuou a distância social entre mulheres pretas e os demais segmentos sociais.
Desta forma, quando tivemos mulheres pretas vencendo os Realyts Shows mais populares do país, em 2020, observamos um fenômeno social onde o voto popular têm o peso devido e questiono o POR QUE de NÃO contemplarmos ainda mais isso nas urnas eleitorais também? A famosa representatividade! Fica a reflexão, mas não é o foco deste post.
Na pandemia as mulheres são, mais uma vez, as primeiras a perder os postos de trabalho e são a maioria dos trabalhadores que querem trabalhar, mas não estão disponíveis para assumir uma função (chamado tecnicamente de Força de Trabalho Potencial). Entra nesta preocupante realidade o grande número de trabalhadores desalentados, que são aqueles que procuraram trabalho por muito tempo e desistiram, seja pela dificuldade de encontrar uma oportunidade ou porque, sem renda, não conseguem arcar com os custos da busca, do transporte ou da internet por exemplo. E também entram nessa categoria as pessoas que desejam trabalhar mas em uma situação que as tornam indisponíveis a assumir algumas ofertas de trabalho. Os afazeres domésticos são o principal motivo para essa indisponibilidade das mulheres. Esta sobrecarga e responsabilidade pelos cuidados domésticos afetaram mulheres desempregadas e também aquelas ocupadas de diferentes níveis de renda.
“De certa forma, este é um dado que demonstra também o que já sabemos sobre a sobrecarga das mulheres. Sejam em home office, sejam mulheres com trabalhos fora de casa ou procurando por trabalho, ainda é a mulher quem está cuidando de todos da casa”, pontua a professora Daniela Gorayeb, economista e uma das autoras do estudo.
Dados também apontam que 49,5% dos chefes de família no Brasil, são mulheres. Dependendo muitas vezes de diversos apoios para poderem exercer seus ofícios, seja na contratação de outra mulher doméstica, seja na existência de creches e escolas onde possam deixar seus filhos. Toda a rede de apoio está comprometida pelo isolamento social e a mulher, mesmo que deseje ou necessite, não consegue voltar ao mercado de trabalho.
Mulheres, se unam. Mulheres pretas, além de se unir, se ajudem. Homens, façam sua parte e não atrapalhem as mulheres.
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